Era noite,
Mas a curiosidade era tamanha,
Que o baú foi novamente aberto
Movido por uma sensação estranha.
O leitor estava maravilhado,
As cartas eram velhas,
Mas de um ar encantado,
Acabou se perdendo no que era narrado:
Confissão
Estava tomada a minha decisão,
Eu contaria a ela,
Faria a confissão,
Então só dependeria dela.
Caminhei determinado
Para onde eu a encontraria,
Ela passava as tardes na praça
Que ficava próxima à padaria.
Sem demora logo a avistei,
Ela estava em seu banco,
Tinha a figura delicada
Em um leve vestido branco.
Meio incerto me aproximei,
Ela ergueu a sua face,
Sorriu e eu me sentei,
Logo perdendo meu disfarce.
''Está uma tarde linda. ''
Ela comentou.
''Sim.''
A coragem me faltou.
Eu precisava tentar,
Mesmo que não adiantasse
Precisava lhe falar,
Mas e se tudo falhasse?
''Preciso lhe confessar...''
Comecei.
''Pode falar. ''
Ela disse e eu me esforcei.
''Eu...''
Gaguejei.
''Me ama?''
Ela completou e eu me assustei.
''Como sabes?''
Eu não podia crer.
''Pelo modo como me olhas. ''
Ela deixou escapar sem perceber.
''E não dizes nada?''
Lhe indaguei.
''Apenas fico feliz em ser amada. ''
Ela devolveu o sorriso que eu lhe lancei.
No me contendo de felicidade,
Em um impulso a beijei,
Esqueci completamente a realidade,
Só lembrei quando me afastei.
Ela ficou corada,
Simplesmente perfeita,
A face delicada,
Que ela desviou para a direita.
Dai em diante passamos
A nos encontrar todos os dias,
Sempre no mesmo banco da praça
Dividindo as alegrias.
Mas como o tempo
É passageiro,
Foram-se passando dias,
Semanas e um mês inteiro.
Passávamos horas juntos,
Simplesmente perdidos,
Naquele mar de sentimentos profundos,
Onde as coisas não precisavam de sentidos.
Estávamos apaixonados,
Erámos felizes assim,
Mas nada dura para sempre,
Tudo tem um fim.
Seja feliz ou triste,
Seja qual for,
Nenhum sentimento que existe
Passa impune pela dor.
Isso eu tive que aprender,
Não foi possível evitar,
Não foi possível se esconder,
Eu tive que enfrentar.

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